Olegário Mariano, 1931,
pintura de Cândido Portinari.
pintura de Cândido Portinari.
Sinto às vezes horror
do modo diferente
Com que em louca
emoção voluptuoso te espio,
Meu suave amor que
tens a figura inocente
De um lírio muito
branco, um lírio muito frio.
Ao meu olfato chega o
perfume doentio
Do teu corpo mudado em
corpo de serpente:
E através desse
aspecto anêmico e sombrio
Meu desejo passeia
alucinadamente.
Fauno, os olhos
boiando em volúpias bizarras,
Quem me dera que tu
viesses, na noite escura,
Minha fronte adornar
de crótons e de parras,
E na calma do bosque
onde o meu sonho medra,
Unisses para sempre,
entre o amor e a loucura,
Os teus lábios de
sangue aos meus lábios de pedra.
Olegário Mariano