Laura e Aldous Huxley
Via hypeness
O
escritor inglês Aldous Huxley não foi somente um desbravador da literatura, mas
também da consciência humana. Autor de clássicos imortais como Admiravel Mundo Novo e As Portas da Percepção,
Huxley explorou o uso de alucinógenos como a mescalina, o LSD e outros
psicodélicos a fim de expandir a consciência e descobrir, através da abertura
justo das portas da percepção, novos horizontes do pensamento humano. A
experiência com drogas psicodélicas foi tão importante para Huxley, que o autor
planejou deixar a vida em uma viagem de LSD – e, com a ajuda de sua mulher,
assim o fez.
Aldou
Huxley morreu em novembro de 1963 – curiosamente no mesmo dia em que o
presidente dos EUA John Kennedy foi assassinado – depois de três anos de luta
contra um câncer e, após o diagnóstico derradeiro de um médico, horas antes de
sua morte, conforme seu pedido, sua mulher, Laura, lhe injetou diversas doses
de LSD. Em uma impressionante carta endereçada ao irmão de Huxley, Laura conta
em detalhes como se deu a morte de um dos grandes autores do século XX, sob o
efeito do ácido.
O jovem Huxley
“Eu fui avisada
de que pela manhã ele poderia ter convulsões perturbadoras, próximo ao fim, ou
algum tipo de contração pulmonar, com ruídos. As pessoas tentaram me preparar
para reações físicas horríveis que ocorreriam. Nada disso aconteceu, na
realidade o cessar da respiração não foi em nada dramático, pois aconteceu tão
lentamente, tão gentilmente, como uma peça musical simplesmente encerrando em
um sempre piu piano dolcement”,
ela escreveu. “As
cinco pessoas presentes na sala disseram que foi a mais serena e bonita morte.
Ambos os médicos e a enfermeira disseram jamais ter visto alguém em tais
condições físicas ir embora tão completamente sem dor ou sofrimento”,
escreveu Laura Huxley.
Mais adiante, na carta, ela
descreve o último momento em que Aldous reagiu às suas palavras, no qual ela
passou a incentiva-lo que deixasse a vida com calma e sem dor. “‘Vá, vá, deixe ir, querido; pra
frente e adiante. Vá na direção da luz. Por vontade própria e consciente você
está indo, e está indo de forma linda. Está fazendo isso com tanta beleza –
indo na direção de um amor maior. É tão gracioso e lindo. Leve e livre. Você
está indo na direção de algo melhor, de um amor maior’, eu disse a ele, bem
perto de seu ouvido. Então perguntei se ele estava me ouvindo, e ele apertou a
minha mão. Algum tempo depois ele me pediu que não mais fizesse perguntas, que
estava tudo bem”.
Por fim, ela comenta sobre a
sensação que pairou sobre todos, de que havia sido uma morte especialmente
tranquila e bonita. “Nunca
saberemos se tudo isso foi uma autossugestão nossa, ou se foi real, mas
certamente todos os sinais e nossos sentimentos internos deram a indicação de
que foi lindo, pacífico e leve”.
Aldous Huxley morreu aos 69
anos em sua casa, em Los Angeles, da forma que quis – o que parece ser
realmente uma saída bonita para a própria vida. A carta na integra, em inglês,
está nesse link – e pode ser ouvida, também em inglês, no vídeo abaixo, lida
pela própria Laura.