Aos Mestres, com carinho!

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Drummond, Vinícius, Bandeira, Quintana e Mendes Campos

sexta-feira, 30 de setembro de 2022

POESIA, PARA QUÊ? (5)

Paulo Leminski
 

A Paulo Leminski fizeram a seguinte pergunta:

-Poesia. Pra quê?

-“O puro valor da palavra está na poesia. Por isso é sempre considerada mercadoria difícil. Poesia não vende é um dos mandamentos do decálogo mínimo de qualquer editor sensato. Pois não vende mesmo. O destino da poesia é ser outra coisa, além ou aquém da mercadoria no mercado. Mal obram e mal pensam aqueles que reclamam da resistência em publicar poesia. Deveriam mais é ficar alegres. A poesia, afinal, é a última trincheira onde a arte se defende das tentações de virar ornamento e mercadoria, tentação a que tantas artes sucumbiram prazerosamente.

-Então, poesia pra quê?

-Felizmente pra nada.

-Servir pra quê? Num mundo em que tudo serve para alguma coisa e assim dar lucro, fundamental que algumas não sirvam pra nada”.


(Paulo Leminski Filho foi um escritor, poeta, músico, crítico literário, jornalista, publicitário, tradutor e professor brasileiro. Tinha uma poesia marcante, pois inventou um jeito próprio de escrever, com trocadilhos, brincadeiras com ditados populares e influência do haicai, além de abusar de gírias e palavrões. Wikipédia)