Aos Mestres, com carinho!

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Drummond, Vinícius, Bandeira, Quintana e Mendes Campos

segunda-feira, 14 de junho de 2010

NA ROTINA DAS MANHÃS





Na rotina das manhãs,
       o mesmo rosto no espelho,

       o mesmo jato de urina,

       o mesmo cheiro.



O pão, a manteiga, o café.

O mesmo poema cansado,

o mesmo livro debaixo do braço,

a mesma vontade matinal de ir ao banheiro.



No amor mal feito,

       no desejo esquecido na esquina,

       no grito – de gol? – amarrado no peito,

       na dose de estriquinina – para o amante ou o rato?



Na carne estragada na geladeira,

       no copo de cerveja quente,

       no sol que racha minha cabeça,

       no tempo perdido na máquina batendo um ofício




ao Exmo. Sr. Filho da Puta,

       no romance não lido de Loyola

       na solidão sempre lembrada e eterna

- Deus?



Caminho – inútil caminhar? – homem metafísico

       através da manhã e do poema,

       entre o ser genético e seus códigos

       e o ser divino e o horror da eternidade.


(Itárcio Ferreira)



2 comentários:

  1. Que hei de comentar? Talvez não seja preciso... Talvez... Melhor não dizer palavras (fora as que já estão, aqui, ditas.) Que tal guardar, no cerne de uma noite que não amanhece, a imagem de uma rotineira manhã que se aproxima?

    Cumpadi Itárcio, parabéns pela produção!

    Abs!

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  2. DiAfonso, seu comentário é poesia.

    Obrigado, poeta, pelas palavras!

    Abraços!

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