Aos Mestres, com carinho!

Aos Mestres, com carinho!
Drummond, Vinícius, Bandeira, Quintana e Mendes Campos

quarta-feira, 12 de junho de 2019

Pastoral, poema de Mauro Mota



Não disse de onde veio. Apenas veio 
quase flutuante pela madrugada. 
A flauta e um zelo musical em cada 
ovelha e em todas do seu pastoreio. 
Toca. (Para o rebanho?) A sua toada 
interrompe-se às vezes pelo meio. 
Dela não quer somente o vale cheio: 
quer levá-la mais longe. Quando nada 

houver mais dos cordeiros e dos pastos, 
do viço matinal, dos brancos rastos 
de lã, dos guizos de uma ovelha incauta, 

fique a lembrança do pastor fugace, 
que foi pastor só para que ficasse 
nas colinas a música da flauta.

Mauro Mota