Aos Mestres, com carinho!

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Drummond, Vinícius, Bandeira, Quintana e Mendes Campos

domingo, 14 de dezembro de 2014

03 poemas de Weydson Barros Leal


O CÁLICE DE OSSOS

como uma cura ou uma montanha iluminada
a cerimônia resiste — sua ausência
nesta pele que se busca
em sua fome

onde está
se é de mim que se alimenta?
preciso da voz desse vazio que fala
traduzo o silêncio dos que erguem segredos
a sombra que busco é a metade que não sei


A FESTA

as luzes da noite no espelho do dia
atira sobre a laje a música sua epifania
o relógio destila seu silêncio de seta
rege o silêncio as patas da noite

era a vida o seu melhor divertimento
a morte e seu espetáculo de hipopótamos e lâmpadas
os anjos carregam sirenes como se fossem felizes


O ESPELHO DE MEDUSA

do amor antigo o seu andrajo em que se guarda
em sua memória copulam serpentes sementes que matam

respira a sua dor que também é pensamento
pelas fitas da tarde a noite desce

conheço a magia das ceifeiras antigas
para o medo do infinito sonhavam com o tempo

o amor sabe as letras de seu inferno de cores
o amor que em tudo cabe e em nada se completa

sob o lodo do telhado ao lado
vê-se um cão mordendo as mãos do vento

reconheço no tempo seus outros trabalhos


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