Aos Mestres, com carinho!

Aos Mestres, com carinho!
Drummond, Vinícius, Bandeira, Quintana e Mendes Campos

quinta-feira, 30 de abril de 2015

Moraes Moreira "Lá Vem o Brasil Descendo a Ladeira"

A ARTE DE PERDER


As atrizes Miranda Otto e Glória Pires contracenam em 
'Flores raras', de Bruno Barreto (Foto: Divulgação)



“A arte de perder não é nenhum mistério
Tantas coisas contêm em si o acidente
de perdê-las, que perder não é nada sério.
Perca um pouco a cada dia. Aceite austero,
a chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Depois perca mais rápido, com mais critério:
lugares, nomes, a escala subsequente
da viagem não feita. Nada disso é sério.
Perdi o relógio da mamãe. Ah! E nem quero
lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Perdi duas cidades lindas. Um império
que era meu, dois rios, e mais um continente.
Tenho saudades deles. Mas não é nada sério.
Mesmo perder você (a voz, o ar etéreo, que eu amo)
Não muda nada. Pois é evidente
que a arte de perder não chega a ser um mistério
por muito que pareça (escreve) muito sério.”      

Elizabeth Bishop

*tradução de Paulo Henriques Britto

A arte de Qing Han

quarta-feira, 29 de abril de 2015

QUANDO COM MEUS LÁBIOS


Quando com meus lábios
beijo teus seios,
ficas arrepiada.

Será,
por cruel destino,
que tens alergia
à boca amada?

Itárcio Ferreira

CineMagine


Já conhece o CineMagine? Uma experiência criada para deficientes visuais, mas todo mundo que gosta de de usar a imaginação também pode usar!

Com imaginação e tecnologia podemos fazer coisas impossíveis. Se você conhece algum deficiente visual, venha se divertir com ele!

terça-feira, 28 de abril de 2015

Canção Outonal



Hoje sinto no coração
um vago tremor de estrelas,
mas minha senda se perde
na alma de névoa.


A luz me quebra as asas
e a dor de minha tristeza
vai molhando as recordações
na fonte da ideia.

Todas as rosas são brancas,
tão brancas como minha pena,
e não são as rosas brancas
porque nevou sobre elas.

Antes tiveram o íris.
Também sobre a alma neva.
A neve da alma tem
copos de beijos e cenas
que se fundiram na sombra
ou na luz de quem as pensa.

A neve cai das rosas,
mas a da alma fica,
e a garra dos anos
faz um sudário com elas.

Desfazer-se-á a neve
quando a morte nos levar?
Ou depois haverá outra neve
e outras rosas mais perfeitas?

Haverá paz entre nós
como Cristo nos ensina?
Ou nunca será possível
a solução do problema?

E se o amor nos engana?
Quem a vida nos alenta
se o crepúsculo nos funde
na verdadeira ciência
do Bem que quiçá não exista,
e do mal que palpita perto?

Se a esperança se apaga
e a Babel começa,
que tocha iluminará
os caminhos da Terra?

Se o azul é um sonho,
que será da inocência?
Que será do coração
se o Amor não tem flechas?

Se a morte é a morte,
que será dos poetas
e das coisas adormecidas
que já ninguém delas se recorda?

Oh! sol das esperanças!
Água clara! Lua nova!
Coração dos meninos!
Almas rudes das pedras!

Hoje sinto no coração
um vago tremor de estrelas
e todas as coisas são
tão brancas como minha pena.

Federico Garcia Lorca

BEIJOS: A arte de C215

segunda-feira, 27 de abril de 2015

O LAVRADOR


Perdido em pensamentos o
lavrador passeia sob a chuva
por seus campos vazios, mãos
nos bolsos,
na cabeça
a colheita já plantada.
Um vento frio vem encrespar a água
entre as ervas tostadas.
Por toda parte
o mundo rola friorento para longe:
negros pomares
escurecidos pelas nuvens de março -
deixando espaço livre aos pensamentos.
Lá embaixo, além da galharia
rente
ao carreiro encharcado de chuva
assoma a figura artista do
lavrador - compondo
- antagonista


William Carlos Williams 

Tradução: José Paulo Paes

A arte de Jerico Santander












domingo, 26 de abril de 2015

Gato num apartamento vazio

Morrer  isso não se faz a um gato.
Pois o que há de fazer um gato
num apartamento vazio.
Trepar pelas paredes.
Esfregar-se nos móveis.
Nada aqui parece mudado
e no entanto algo mudou.
Nada parece mexido
e no entanto está diferente.
E à noite a lâmpada já não se acende.

Ouvem-se passos na escada
mas não são aqueles.
A mão que põe o peixe no pratinho
também já não é a mesma.

Algo aqui não começa
na hora costumeira.
Algo não acontece
como deve.
Alguém esteve aqui e esteve,
e de repente desapareceu
e teima em não aparecer.

Cada armário foi vasculhado.
As prateleiras percorridas.
Explorações sob o tapete nada mostraram.
Até uma regra foi quebrada
e os papéis remexidos.
Que mais se pode fazer.
Dormir e esperar.

Espera só ele voltar,
espera ele aparecer.
Vai aprender
que isso não se faz a um gato.
Para junto dele
como quem não quer nada
devagarinho
sobre as patas muito ofendidas.
E nada de pular miar no princípio.

Wislawa Szymborska

Tradução Regina Przybycien

sábado, 25 de abril de 2015

sexta-feira, 24 de abril de 2015

A vida na era do smartphone

Links: 30 dos 100 melhores contos da literatura universal

melhores-contos-literatura-universal

Um convite: fugir do carnaval [28/02/14] e ainda conhecer 100 contos considerados os melhores da Literatura Universal


Um dos gêneros literários mais cativantes (para muitos leitores, não todos), o conto está presente na obra completa de grandes nomes da literatura, sendo que alguns deles se dedicaram quase que exclusivamente a estas histórias menores – em número de páginas, não na grandiosidade poética ou ficcional.  É o caso de Borges, Edgar Alan Poe e Kafka. Machado de Assis também traçou suas linhas, deixando contos que surpreendem até os mais acostumados com sua escrita. Ainda no Brasil, nomes como Rubem Fonseca, Guimarães Rosa e Clarice Lispector merecem nossa admiração e respeito quando estamos a falar sobre a produção de contos para a Literatura Brasileira.

Pois bem, dada a devida apresentação, vamos ao ponto principal deste artigo: links dos 100 melhores contos da literatura universal. Encontrei a lista em um blog e de lá fui buscar links em português de pelo menos 30 deles. E eu encontrei! Para ler todos eles, algumas horas de leitura serão necessárias, mas vale muito a pena. Salve o link nos seus favoritos e volte sempre para se deliciar com as narrativas que marcaram a história da literatura, mesmo que com poucas linhas.

Quem quiser ler no original pode se aventurar na web, muitos dos contos estão disponíveis em PDF, para a nossa alegria. Vale lembrar que a lista foi organizada pelo Blog Lecturas Indispensables e até onde se sabe não faz parte de nenhuma coletânea publicada. Outro adendo: faltam alguns nomes, claro, como já referida Clarice Lispector. Mesmo assim, a lista é um convite para a leitura e para o conhecimento de novos escritores. Vamos a ela?
  1. Deriva - Horacio Quiroga
  2. Óleo de cão - Ambrose Bierce
  3. Diante da lei - Franz Kafka
  4. Bola de sebo - Guy de Mauppassant
  5. Casa tomada - Julio Cortázar
  6. Continuidade dos parques - Julio Cortázar
  7. Corações solitarios - Rubem Fonseca
  8. Diga que não me matem - Juan Rulfo
  9. O afogado mais bonito do mundo - Gabriel García Márquez
  10. O travesseiro de penas - Horacio Quiroga
  11. Um artista no trapézio - Franz Kafka
  12. O barril de Amontillado - Edgar Allan Poe
  13. O capote - Nikolai Gogol
  14. O coração delator - Edgar Allan Poe
  15. O escaravelho de Ouro - Edgar Allan Poe
  16. O gato preto - Edgar Allan Poe
  17. O gigante egoísta - Oscar Wilde
  18. O imortal - Jorge Luis Borges
  19. Um som de trovão - Ray Bradbury
  20. Acender uma fogueira - Jack London
  21. A dama do cachorrinho - Anton Tchekhov 
  22. A última pergunta - Isaac Asimov
  23. Os assassinos - Ernest Hemingway
  24. Os mortos - James Joyce
  25. Missa do Galo - Machado de Assis
  26. Nenhum caminho para o paraíso - Charles Bukowski
Para acessar a lista completa (com links para os contos em espanhol), clique aqui. E se quiser sugerir novos contos/escritores, fique à vontade e use e abuse dos comentários!
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